Nascido em Antuérpia em 1974 e encontra-se baseado e Ranst, Bélgica. Em 1997 acabou a licenciatura na Royal Academy of Fine Arts (KASK) em Ghent. Nos oito anos seguintes trabalhou como fotojornalista. Em 2006 deixou de fazer trabalho encomendado para se dedicar exclusivamente aos seus projetos documentais. O seu trabalho é marcado por uma componente social e politica muito forte. Em 2006 fez uma viagem durante um ano de comboio e autocarro na União Soviética, que resultou no projeto Red Journey (Lannoo Publishers, 2009), que retrara a transição para uma sociedade pós-comunista. Em 2010 começou o projeto “Mediterranean. The Continuity of Man”, um projeto que envolveu vinte viagens a paises mediterraneos ao longo de quatro anos. Este projeto tem como foco a urbanização, migração, conflito e crise. O seu último livro “Garden of Delight”, apresenta Dubai como sendo o expoente da globalização, capitalismo e questiona a sustentabiilidade e a autenticidade. Este projeto recebeu em 2017 o prémio Magnum Photography Award e o prémio Zeiss Photography Award em 2018. O trabalho foi exposto na Thessaloniki Biennial for Contemporary Art, Museum of Photography FoMu (Antwerp), Bozar Centre for Fine Arts (Brussels), Flanders Center (Osaka, Japan), Breda Photo (Breda, NL), Visa pour l’Image (Perpignan), Kaunas Photo (Lithuania), Foto Festiwal Lodz (Poland), PhotoMed (Beirut), Head On (Sydney), Athens Photo Festival, Centro Andaluz de la Fotografia (Almeria), CajaGranada, entre outros.
Garden of Delight
Nick Hannes
Exposições
14 Set 2019 > 27 Out 2019
Nova Galeria do Largo do Paço
Dubai é um dos sete sheikhdoms que formam os Emirados Árabes Unidos. Até à década de 1960, essa inóspita extensão de deserto no Golfo Pérsico não tinha eletricidade nem água corrente. Foi a descoberta do petróleo em 1966 que desencadeou a onda de modernização que mudaria drasticamente o rosto da cidade. Em tempo recorde, o Dubai transformou-se numa cidade global que não dependia mais do petróleo: o comércio, o setor imobiliário, o turismo e o transporte tornaram-se os seus setores económicos mais importantes. A população também explodiu neste momento, aumentando de 183.000 habitantes em 1975 para quase três milhões hoje. Destes, apenas 10% são nativos dos Emirados, sendo os restantes, expatriados que residem e trabalham temporariamente no Emirado. 75% da população é do sexo masculino.
O fotógrafo Nick Hannes (1974, Antuérpia) viajou para o Dubai cinco vezes entre 2016 e 2018, a fim de testar a sua relutância e preconceito sobre a cidade. Rapidamente ficou claro que o Dubai representava a forma extrema dos temas que ele vinha a abordar há anos. A cidade foi um estudo de caso numa urbanização rápida e voltada para o mercado; o mais recente local de diversão da globalização e do capitalismo sem limites ou ética; ou, dito de outra forma, o Dubai era um salão de entretenimento fora do controle, meticulosamente projetado para servir ao consumismo desenfreado.
As fotografias de Hannes funcionam como uma faca afiada que usa o humor e a ironia para fatiar essa metrópole do futuro. O que permanece, segundo as palavras do arquiteto holandês Rem Koolhaas, é uma “cidade genérica”, sem história, personalidade ou identidade; uma cidade que é "indiferente aos seus habitantes". Para Hannes, é um lugar onde “as atividades humanas são reduzidas ao seu valor económico”.
O pintor neerlandês Hieronymous Bosch pintou o seu icónico tríptico Garden of Earthly Delights (Jardim das Delícias Terrenas) [HS1] [Office2] [Office3] [Office4] há mais de 500 anos atrás. O painel central mostra um falso paraíso, mesmo antes da queda. É uma imagem distópica à qual Hannes - desde sua posição de intruso - gosta de se referir. Ele mostra o Dubai como um Theatrum Mundi, umas vezes com desânimo, outras com perplexidade, mas sempre com o desejo de o compreender. Será o modelo do Dubai económica e socialmente sustentável - ou ainda estamos, 500 anos depois de Bosch, a viver no mesmo teatro mal-agoirado do mundo?
Joachim Naudts
Nick Hannes
Bélgica