Após terminar os seus estudos de Belas Artes, Stéphane concentrou a sua prática artística em fotografias documental. Desde a fotografia de reportagem até às margens da sociedade, este interessa-se principalmente pela relação homem/natureza. O seu trabalho explora várias formas, desde a publicação, às galerias, museu. Desde a reportagem tradicional à fotografia conceptual. Em 2012 venceu o prémio da Hachette Foundation e publicou o livro Mauritanie – Lumière Noire (Trans Photographic Press). Este projeto sobre a fronteira entre a reguão de Maghreb com a Mauritania, foi exposto em 2016 no festival Reencontres Internatinales de la Photographie em Arles. Em 2011, Stéphane Lagoutte viajou para o Líbano, com uma bolsa da CNAP (National Center for Arts). Desta viagem resultou o projeto “Beirut 75-15”, neste trabalho ele sobrepões imagens da capital do Libano hoje em dias com imagens de arquivo do Hotel Excelsior um espaço abandonado da guerra civil de 1975. Este trabalho foi exposto no Festival du Regard em Sain – Germain – en – Laye (2016) e em galerias em Paris, Porto, Nyon e Dubai.
Blow Up
Stéphane Lagoutte
Exposições
13 Set 2019 > 27 Out 2019
Galeria Adorna Corações
Fotografar as ruas de Beirute não é tarefa simples. Aqui as pessoas vivem um clima de insegurança e têm medo de atentados. Uma desconfiança extrema que nunca tinha vivenciado antes. Há ruas onde se encontram postos militares, um ministério onde morreu fulano, onde se viveu ou ainda se vive.
Mas há também ruas sem isto tudo onde, no entanto, olham para mim como um intruso, como se eu fosse um potencial perigo.
Este foi o meu ponto de partida para este trabalho, era observado por anónimos que eu queria observar.
Deambulei e fotografei essas pessoas nas suas varandas e janelas. Instantes suspensos na cidade, passados para desenhos em tamanho monumental. Este gesto laborioso foi a maneira poética e política que encontrei para devolver esta gente aos seus lugares.
A imagem da pintura clássica transcreve grandes cenas históricas; aqui a banalidade é transfigurada. Estes anónimos são a História, testemunhas e atores. Eles continuam dentro da sua simples existência, com o medo e o sofrimento dos acontecimentos de uma nação. O gesto simples de olhar o mundo pela janela faz sonhar com as rotinas da condição humana. Tornam-se os heróis e o mito anónimos da tragédia, numa alma de fundo que varre inexoravelmente o mundo.
Stéphane Lagoutte
França