David Creedon

Behind Open Doors

Na sua maioria, os turistas que visitam Cuba mal chegam a ver os seus hotéis ou resorts de praia. Fotografam os velhos carros Americanos e mulheres a fumar grandes charutos posando por gorjetas no Melancon. Para eles, Cuba é isto. Para mim, Cuba pode encontrar-se em sítios que os turistas nunca visitam, nas ruelas de Havana com todo o seu burburinho e ruído da vida da cidade, e no campo em pequenas fazendas que é onde se testemunham as interações da vida familiar. Para os Cubanos, a família é um aspeto muito importante das suas vidas. Os retratos desta série documentam cidadãos de Havana no ambiente das suas casas e capturam cenas que refletem facetas dos seus carateres pouco conhecidas. As fotografias foram realizadas em diversos bairros de Havana ao longo de um período de seis semanas, e durante o meu tempo no projeto apercebi-me de que essas pessoas ainda mantêm valores familiares e uma riqueza de vida que parecem estar a desaparecer nas sociedades ocidentais mais prósperas. As famílias são grupos muito unidos até porque partilham quartos ou casas numa grande proximidade. Os quartos podem ser bastante pequenos e contrastam por vezes com as velhas estruturas coloniais, relativamente mais grandiosas. Os núcleos familiares consistem frequentemente em avós, pais, tios, tias, adolescentes e crianças. Apoiam-se mutuamente de modo a criar uma cultura de confiança emocional e segurança. O conceito de família e de extensão da família alargam-se também à comunidade, em que todos se entreajudam, e esta cooperação mútua tornou-se mais evidente à medida que comecei a passar mais tempo entre as pessoas.

Tal como em todas as grandes cidades do mundo, os apartamentos na cidade são pequenos, sendo por vezes hotéis adaptados. Mas à medida que saímos para os arredores e para as zonas rurais, os espaços tornam-se muito maiores. Com a população de Havana a ultrapassar os dois milhões de habitantes, há uma redução do espaço e durante a crise dos anos 90 houve um aumento da migração para a cidade. Em consequência disso, o governo criou uma lei reguladora da migração para Havana para afastar a pressão do setor imobiliário. Outro problema é o estado dos edifícios particularmente na Havana Central e Velha. Tendo a maior parte das construções para cima de 100 anos, a exposição aos elementos tais como a elevada percentagem de humidade, as térmites e os efeitos do ar do mar, a par com a falta de manutenção e a escassez, têm contribuído para a degradação do parque habitacional. 

Só depois de estudar a história de Cuba se consegue compreender o país e o seu povo. Os Cubanos têm muita autoestima e orgulho na sua independência. No tempo da revolução, oitenta por cento da população sofreu de subnutrição e mais de um milhão eram iliteratos. 

Uma vez coloquei a uma jovem advogada a questão que toda a gente se coloca no oeste: “Que acontecerá quando Fidel Castro morrer?” A sua resposta foi muito clara: “Espero que não nos transformemos noutro Porto Rico.” 

 

David Creedon

  • O Irlandês David Creedon 

    Nascido na Irlanda, David Creedon é mais corretamente definido como fotógrafo de documentário concetual. O seu trabalho já foi destacado em diversas revistas de prestígio do mundo inteiro e foi exposto em galerias nacionais por toda a Europa e Estados Unidos, incluindo a National Portrait Gallery London e o Irish Museum of Modern Art. Na Irlanda a obra de Creedon foi descrita como “ uma das mais significativas coleções de fotografia da Irlanda de hoje e uma das mais importantes coleções dos anos vindouros”. Um crítico escreveu a esse respeito: “as suas fotografias transcendem o documentário e inserem-se no reino da arte. São poemas em forma de fotografia”. 

     

     

    Exposição:

     

    B-Lounge da UMinho  – Ed. 13, Campus de Azurém - Guimarães

    Segunda a Sexta: 9h00 às 20h00

     

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