Las Flores mueren dos veces
Cristóbal Ascencio
“Las Flores mueren dos veces" é um projeto de reconciliação.
O nome do meu pai era Margarito - como a flor Margarida em espanhol - ele era jardineiro e morreu pela primeira vez quando eu tinha 15 anos. Quando fiz 30 anos, foi-me revelado que a sua morte fora por suicídio, que foi quando ele morreu pela segunda vez.
Na sua última carta, ele escreveu sobre plantas e disse: "Perdoe-me e comunique-se comigo."
Após receber essa nova informação, fiquei obcecado com as minhas próprias memórias e como isso as afetou. Através da revisita dos álbuns de família e da manipulação dos dados estruturais das fotografias neles contidas, questiono as imagens e as memórias a elas associadas. Se os meus pensamentos estavam em transformação, então aquelas fotografias ligadas a eles também deveriam ser diferentes. A partir dessa experimentação, crio novas imagens que servem de metáfora para “memórias corrompidas”. E assim, busco moldar a sua ausência através de imagens, estabelecendo um diálogo entre os nossos mundos. A fotografia serve como ponto de partida para questionar narrativas pessoais e explorar um universo recém-criado onde as plantas servem como ponte. Depois da sua morte, a relação com o meu pai continuou. Encontro-o em árvores e plantas. Desde o Renascimento, os jardins têm sido concebidos como um lugar onde os seres humanos se reencontram consigo mesmos e com a natureza. Tendo como referência os planos paisagísticos do último jardim em que o meu pai trabalhou, onde as plantas que ele cuidou estão ainda hoje vivas, utilizo técnicas de fotogrametria para criar um jardim digital composto por imagens que estabelecem um diálogo entre a fotografia, a memória, o mundo digital e o orgânico. Este projeto é a minha resposta às últimas palavras que o meu pai escreveu, e um convite a pensar em todas as relações que experienciamos e que perduram para além da morte.
local
→ Galeria do Paço da UMinho (Braga)
horário
→ Segunda a Sábado: 10h00 - 18h00
→ Domingos: Encerrado
Cristóbal Ascencio
Nascido em 1988. Cristóbal Ascencio é um fotógrafo mexicano que reside actualmente em Madrid, enquanto conclui o Mestrado em Fotografia na EFTI School. Licenciado em Meios Audiovisuais e Publicidade pelo CAAV de Jalisco, a sua prática expande-se a novas formas da imagem tais como realidade virtual, manipulação de dados e fotogrametria. Em 2021 o seu trabalho foi selecionado pelo PhotoSlam do Les Rencontres d’Arles (França) e foi exposto em espaços como Gimnasio de Arte y Cultura (México), Experimental Photo Festival (Barcelona), Karne Kunst (Berlim), Space Millepiani (Roma), Casa Volcán (Guadalajara) ou The Curated Fridge, entre outros. O seu trabalho ‘Las flores mueren dos veces’ foi selecionado para ser exposto na edição de 2022 do Getxo Photo Festival.
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