I Peri N’Tera explora o multifacetado impacto da migração para Itália desde África, atravessando a Líbia através do Mar Mediterrâneo. Os indivíduos que sobrevivem a esta jornada experimentam múltiplos incidentes traumáticos, e mais tarde descobrem que a vida na Itália e em toda a Europa se resume a gueto, xenofobia, desemprego, trabalho exploratório e um longo e difícil processo para conseguir documentação.

O projeto começou em maio de 2015 em resposta à forma como os meios de comunicação britânicos noticiaram as duas embarcações migrantes que naufragaram no mar Mediterrâneo em abril do mesmo ano, onde se estima que estivessem entre 750 a 1000 pessoas. Foram utilizados em alguns meios de comunicação adjetivos como "baratas" e "pragas", para descrever os indivíduos que se aventuram nessas viagens para a Europa. Este tom e calibre da linguagem, bem como outros exemplos de repercussões mediáticas/políticas, levaram a que o panorama geopolítico da Europa fosse alterado de forma preocupante.

Em junho de 2017 começámos a trabalhar num centro de acolhimento para menores desacompanhados, até ao seu fecho em meados de 2019. O centro, que estava localizado nas montanhas rurais de Enna, abrigava 12 meninos subsarianos que tinham sido resgatados no Mar Mediterrâneo, e estavam sozinhos sem as suas famílias.

As questões enfrentadas pela migração para a Europa não são "preto no branco", e ao reduzir a narrativa a estruturas binárias polarizadas, algumas informações valiosas estão a ser ignoradas. Este corpo de trabalho procura desafiar os padrões históricos e culturais convencionalmente utilizados para cobrir as questões relacionadas com migração/refugiados. Colaborativamente temos produzido testemunhos audiovisuais que não buscam entreter, mas informar, sem santificar ou difamar alguém.

Este trabalho foi produzido com a ajuda do Fundo W. Eugene Smith e da Fundação Magnum.