The Good Life
Elizabeth Pedinotti Haynes
À medida que os meus filhos cresciam, tornei-me profundamente consciente da cultura prejudicial inerente à parentalidade suburbana branca, e das normas bem estabelecidas e problemáticas para a criação de meninos brancos. A pressão existente de que os meninos devem ser agressivos e estóicos está plena de força. Os meus filhos, com apenas quatro anos de idade, foram humilhados por comportamento liberal de género. Ainda assim, prolifera a criação de “proteções” para eles. Apregoadas por organizações, disseminadas pelos meios de comunicação social e aplicadas por leis, estas proteções surgem de privilégios raciais e de classe, e transformaram a maternidade numa escolha entre vigilância constante e fracasso abjeto. Cada vez mais consciente das inconsistências que impulsionam o meu próprio mundo interior, exploro a minha relação com as ideologias de género herdadas por mim. Neste trabalho, examino histórias da comunidade de imigrantes italianos do meu avô paterno e os efeitos geracionais da misoginia, a masculinidade tóxica e as aspirações ao respeito sentidas pela classe média. Do meu lado materno, exploro uma história católica irlandesa, repleta de abusos, doenças mentais e homofobia. As minhas imagens originam de uma postura de maternidade que me foi passada. Desvendam o meu apego à promessa de uma boa vida, um estado patriarcal de vida que não só promove e perpetua a injustiça sistemática, mas que também garante que os meus filhos farão o mesmo. Por meio da desobediência doméstica acabo com a chamada normalidade da vida familiar, e abro uma fenda na ilusão de apegos otimistas. Ao utilizar cenários hiperbólicos, toco a verdade do meu passado e presente para descodificar a sua interrelação. Aqui, um excesso de camisolas com capuz torna-se um casulo sufocante, os restos do corte do cabelo das crianças fazem repensar o género do peito de uma mãe, e os seios esmagam os tomates numa tentativa desesperada de se conectar com uma receita familiar perdida. Sobrepondo prazer e brincadeira com medo e excesso, reflito sobre as contradições da vida doméstica que se libertam das narrativas convencionais. Abro espaço para que eu e os meus filhos possamos criar ligações mais significativas entre nós e com o mundo.
local
→ Galeria do Paço da UMinho (Braga)
horário
→ Segunda a Sábado: 10h00 - 18h00
→ Domingos: Encerrado
Elizabeth Pedinotti Haynes
Elizabeth Pedinotti Haynes é uma artista e fotógrafa freelancer que trabalha no norte de Nova York. EPH ganhou um MFA do San Francisco Art Institute resultante de um prémio de mérito de estudo integral. Foi a segunda classificada no Aperture Prize e beneficiária do Silicon Valley Arts Grant, expôs nos Estados Unidos e contribuiu em múltiplas publicações online e impressas.
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