Carpe Diem – Houdini Is Not Dead explora a área servida pelo troço da Estrada Nacional 10 entre Sacavém e Vila Franca de Xira, nos arredores de Lisboa, que integrou as minhas rotinas de commute entre Setembro de 2008 e Junho de 2009. A estrada alimenta a cintura industrial da Área Metropolitana de Lisboa a Sul e a Este, e é, hoje, uma mistura dos resultados do crescimento desordenado da periferia da cidade e do processo atual de desindustrialização e consequente ruinação do edificado industrial. 

Ao escolher voltar a estes espaços e percursos depois de quase quinze anos, Carpe Diem transformou-se numa reflexão sobre a relação entre as performatividades da rotina dos movimentos pendulares e a prática artística que desenvolvo nela. Se a investigação artística explora e desconstrói a rotina e a automaticidade dos movimentos pendulares que repito diariamente, o efeito do fotográfico como uma industrialização da representação e da reprodução também automatiza a prática, ao trazer para o caráter subjetivo da experiência no tempo os elementos de corte, distanciamento e objetividade com que pretende representar o espaço. 

Para esta exposição, trabalho a partir de um conjunto de séries fotográficas em torno de tomadas de vistas repetidas sobre os mesmos objetos e de um vídeo que é mostrado em duplicado. A dinâmica de repetição performativa prolonga-se pela própria exposição. Para além de um painel que estará presente apenas na inauguração, será alvo de alterações semanais ao conjunto de fotografias expostas.