Bangkok’s Chinatown beats to its own drum
Sonia Hamza
Durante uma estadia de dois meses em Bangkok, fiquei intrigada com as lojas-casa (Tuek Thaew) na área de Chinatown. A loja-casa é uma curiosa combinação de uma loja de comércio, com cozinha e chuveiro nos fundos e dormitório nos andares de cima. Eu via-as como microcosmos da humanidade. Comecei a imaginar estes edifícios estreitos, todos tão semelhantes com as suas cortinas de metal, como se fossem pequenos teatros onde as mesmas cenas são repetidas a cada minuto do dia e da noite pelos mesmos protagonistas, muitos dos quais pertencentes à mesma família, a trabalhar neste espaço público aberto, e na parte de trás, perto da cozinha, a fazer as refeições junto a um altar onde estão as luzes vermelhas em memória daqueles que se foram. Estas fotografias, dispostas lado a lado e por vezes até acima umas das outras, refletem a minha visão durante as caminhadas diárias. O limite em volta destes panoramas é composto por três faixas com padrões diferentes. Eles são criados a partir de detalhes fotografados no estúdio ou na rua, depois isolados, ampliados e repetidos. Inspirado nas tapeçarias chinesas tradicionais, este elemento decorativo é frequentemente usado na Ásia para realçar a arte circundante. O resultado é uma janela pela qual o espetador pode experienciar o modo de vida "antiquado" dos artesãos. Notei que os turistas, depois de explorar os templos próximos, voltam e caminham por esta área pela sua beleza tão autêntica. Com o passar dos dias, notei que esta "autenticidade" que eles procuravam era de certa forma artificial, pois os negócios eram mantidos assim por força da tradição. Após cada monção há um problema recorrente, os moradores queixam-se das terríveis condições em que são forçados a viver. Sofrem com o bolor fétido, o ar sufocante, a falta de isolamento e a ventilação inadequada. Apesar disso, a comunidade preservou um modo de vida que não muda há séculos. Comecei a questionar-me se as gerações mais jovens tinham escolhido ficar lá e viver assim por vontade própria.
local
→ Galeria do Paço da UMinho (Braga)
horário
→ Segunda a Sábado: 10h00 - 18h00
→ Domingos: Encerrado
Sonia Hamza
Sonia Hamza é uma fotógrafa e artista franco-marroquina, nascida em Paris em 1975. Começou por frequentar aulas na ENSAA Duperré em Paris e juntou-se à Central St. Martin’s School of Art and Design em Londres. Após uma carreira em design de moda, completou a sua formação com estágios e fotografia digital. Em 2011, realizou uma residência artística no 59Rivoli em Paris onde apresentou a sua primeira exposição. Em 2016, participou numa residência para o projeto Flâneur e expôs em Lisboa, em setembro. Em novembro de 2016 e em janeiro de 2017, participou numa residência artística para o Project189, em Banguecoque, Tailândia. Em maio de 2017, foi convidada para fotografar Torres Vedras em Portugal e a expor em agosto no Festival New Invasions. Em março de 2019, Ramuncho Matta, diretor e artista, convidou-a para uma residência artística em Lizières, em Epaux-Bézu, França. Exposições mais recentes: «Vibrations» (exposição coletiva) em Paris em outubro de 2021, a 14ª edição da Julia Margaret Cameron na Gallery FotoNostrum em Barcelona (Espanha) 2020 em setembro, Nippon Kiss na Mediateca e o MAPA em Chateau-Thierry, França, em abril de 2019, The French connection (exposição coletiva) na Bangkok University Gallery, Tailândia em julho de 2018, Nippon Kiss no Espace 36, em St Omer, França em junho de 2018, Objectif femmes 2017, Paris, e várias exposições SlideLuck. Recebeu o primeiro prémio no tema Identity of Fix Photo Award 2017 e o primeiro prémio no The best portfolio review award 2015 Triennial de Hamburgo, Alemanha.
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