A minha cabana está no limite

Katerina Kouzmitcheva

21 set – 26 out 2024
Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva

  • Exposições Coletivas
  • Fim-de-semana Inaugural
  • Emergentes 2023
  • Braga

Esta obra faz parte de uma exposição colectiva Não Estar Nem Aí com curadoria de Vítor Nieves.

A minha cabana está no limite

Desde a infância que eu e muitas outras pessoas aprendemos a falar, escrever e ler. Depois, usamos a língua para nos expressarmos e comunicarmos. Para além de nos ser transmitida, a língua, com as suas expressões idiomáticas e padrões estabelecidos, forma-nos e forma o modo como nos comportamos.

Era muito frequente ouvir na minha infância “A minha cabana está no limite”, o que significa algo que não me diz respeito, e que não quero lidar com isso. Que maneira simpática e fácil de dizer algo que eu não me atreveria a dizer em voz alta! Tenho de admitir que eu própria já utilizei esta frase, especialmente quando a conversa era sobre política ou questões sociais. Nunca pensei em aprofundar o seu significado até me mudar da Bielorrússia para a Polónia. O medo da máquina do Estado, a negação seletiva da realidade, a perceção de impotência e a consequente irresponsabilidade social foram-nos incutidos por meio de uma extensa propaganda e de uma linguagem “inocente”. Foi uma surpresa ver que não é assim em todo o lado. Um pouco menos de opressão e somos capazes de dizer em voz alta o que pensamos, de assumir a responsabilidade pelo que se passa à nossa volta. Nessas novas circunstâncias, quando ouvi as expressões idiomáticas de outras pessoas, comecei a preocupar-me. Será possível escolher a posição de ser totalmente indiferente e alheio a um problema se estivermos a viver numa comunidade, e não numa ilha deserta?

Comecei a investigar se esses padrões linguísticos de distanciamento são exclusivos de algumas regiões ou se são universais. Descobri que em muitas línguas do mundo temos expressões sobre a falta de vontade de lidar com o que quer que seja. Algumas delas baseiam-se em factos históricos, outras em tradições e valores geográficos, outras são simplesmente engraçadas. Mas todas, apesar da sua tradução literal, têm o mesmo significado: “Não quero saber”. No meu trabalho, combino vários provérbios tradicionais que se referem ao evitar, e ao meter-se na sua vida, com cenários fictícios. Jogo com o humor negro e interpreto visualmente a ignorância contemporânea sobre questões sociais e políticas.

Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
R. de São Paulo 1, 4700-042 Braga

Horário:

Segunda-feira – sexta-feira
09:30–19:30

Sábado
09:30–12:30/14:00–18:00

Domingo
Encerrado