Fordlandia Malaise (2019) + Abrir Monte (2021)

Fordlandia Malaise, 2019 — Susana Sousa Dias, Brasil/Portugal (41’)

Fordlandia Malaise explora a decadência do empreendimento megalómano que a Empresa Ford implementou no Brasil em 1928, no seio da floresta amazónia, junto ao rio Tapajós. Este projecto agroindustrial visava o plantio massivo de seringueiras para a obtenção da borracha, essencial na indústria automóvel estadunidense. Uma parte substancial da floresta foi devastada para a plantação e a construção de uma cidade, onde chefias e o grande número de contratados se instalariam.

Porém, o empreendimento logo deixou transparecer a sua lógica colonial, com a divisão da cidade, que separava os norte-americanos dos trabalhadores autóctones. A imposição de um modo de vida e cultura norte-americana, inclusive na alimentação, causaria descontentamento e a renúncia de muitos contratados. O trabalho árduo, em condições difíceis, provocava frequentemente a morte dos trabalhadores, motivando à contratação de mulheres e crianças para reabastecer a mão-de-obra. O projecto viria a cair, por falta de preparação e estudo sobre o local, que favoreceu a propagação de uma praga que destruiria por completo as seringueiras. A revolta crescente, expressa pelos autóctones, aceleraria, também, a retirada dos estadunidenses.

Susana Sousa Dias explora a memória deste passado, recorrendo à imagem de arquivo e aos testemunhos dos habitantes actuais da cidade, a par com filmagens contemporâneas, mesclando-os através de uma montagem visual e sonora ritmada.

Abrir Monte, 2021 — Maria Rojas Arías, Colômbia (26’)

Em 1929, um grupo de trabalhadores autonomeados de Los Bolcheviques del Líbano Tolima, organizam uma revolução para lutar contra um governo conservador e repressivo. A história é contada pelas mulheres, juntamente com a anciã da vila cujas memórias relata num passado-presente. As filmagens em 16mm, a preto e branco, a par com os testemunhos e a reconstituição de eventos passados, através da sobreposição de imagens movimentadas em ritmos diferentes com o uso de voz off, tem um efeito espectral, confundindo o tempo passado com o presente, deixando transparecer que a luta não terminou.

* Sessão com a presença do produtor Ansgar Schaefer

Lucky Star — Cineclube de Braga
Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
R. de São Paulo 1, 4700-042 Braga

Bilhetes:

Público em geral: €3
Sócios do Cineclube: Entrada livre
Estudantes e utilizadores da BLCS: €1

Mais informações em facebook.com/cinebraga