Homogeneizador de memórias
Filipa Frois Almeida
14 set – 26 out 2024
Galeria da Estação
- Exposições
- Braga
Curadora: Noora Mänty
Homogeneizador de memórias
“Homogeneizador de memórias” é sobre a vulnerabilidade e efemeridade das memórias humanas.
Tive contacto com a morte aos 7 anos de idade com a desaparição da minha mãe. Os seus retratos sumiram, como se nada tivesse acontecido. Involuntariamente olvidei e durante muitos anos senti-me indiferente a este evento. Quando na adolescência voltei a encontrar a morte, questionei tudo. Depois de vários anos de psicoterapia, alcancei um momento de autoconfiança e de reconciliação com a vida. Fazemos parte de um corpo maior, em constante interação, em constante transformação. Muitos anos mais tarde, fui levada ao jazigo da família. Num instante a sós, desmultipliquei-me em partículas por recordações que não tenho e por sentir que nunca deixei de estar à espera. As fotografias desvanecidas expunham a insensível realidade. Imagens esbatidas, como memórias esquecidas. Que lugar é este de memórias homogeneizadas?
Fotografa-se para recordar, porque os acontecimentos terminam e as imagens permanecem. Mas, apesar de conservar um momento, a fotografia é um organismo vivo, em mutação. Ela, tal como nós, envelhece e se metamorfoseia. Neste projeto pretendo dar forma a esse imagético pouco definido, como um sonho em que não conseguimos percepcionar os rostos, mesmo os que mais ansiamos ver.
Resultado de um acidente de várias experiências, exploro retratos da família mais próxima em que a tinta se encontra instável, como metáfora das memórias versus esquecimento involuntário. A tinta é como o sangue, como uma memória viva que se esmorece sem orientação e controlo. Inevitavelmente, a imagem transforma-se numa mancha homogénea, sinónimo de memórias análogas.
Explorando características plásticas da fotografia procuro dar forma a memórias e imagens do inconsciente. Ao mesmo tempo, em “homogeneizador de memórias” procuro explorar as inconstâncias da memória de forma a conciliá-las com o ciclo natural da vida.
Galeria da Estação
Largo da Estação n° 40, 4700-223 Braga, Portugal
Horário:
Terça-feira – sexta-feira
10:30–13:00/14:00–18:00
Sábado
13:00–18:00
