Memória & A Ordem do Rei para Dançar

Curadora: Elina Heikka

Memória, 2004–2006 & A Ordem do Rei para Dançar, 2023

“Não tenho interesse no colonialismo como nostalgia, ou como uma coisa do passado, mas na continuação desse sistema”, diz Sammy Baloji. Na sua série Mémoire, o passado e o presente colidem. Baloji conjuga fotografias a cores das paisagens industriais desoladoras da atualidade com imagens históricas retiradas dos arquivos da empresa mineira local, que recordam os intervenientes coloniais africanos e europeus que trabalharam na mina e que dela beneficiaram.

Lubumbashi foi um centro regional de vital importância durante séculos antes da chegada dos europeus e tornou-se um grande centro industrial graças à extração de cobre sob o domínio colonial belga. Em 1885, o rei belga Leopoldo II criou o Estado Livre do Congo, apoderando-se brutalmente da região africana como sua propriedade pessoal. Atualmente, Lubumbashi é uma sombra pálida da sua antiga glória. As imagens que daí resultam denunciam as heranças que perduram — sociais, políticas, ambientais — do colonialismo, mas também recordam os benefícios económicos das minas e a sua ruína após a independência, em 1960.

The King’s Order to Dance é uma série de fotografias tiradas durante a residência de Baloji em Ypres, uma cidade belga na linha da frente entre a Alemanha e os seus Aliados, cujas paisagens circundantes ainda apresentam cicatrizes da Primeira Guerra Mundial. Ao mostrar os buracos deixados pelos bombardeamentos, o artista evoca tanto os soldados voluntários congoleses que lutaram ao lado do exército belga, como a exploração da população local nos minérios, também eles ao serviço da guerra, denunciando assim o carácter indispensável dos recursos congoleses — humanos e materiais — para a Bélgica no contexto deste conflito internacional.

Galeria do Paço – UMinho
Reitoria, Largo do Paço, 4704-553 Braga

Horário:

Terça-feira – sábado
10:00–12:30/14:00–18:30

Domingo e segunda-feira
Encerrado