Moi, un noir (1958) + Les Maîtres fous (1955)

Moi, un noir, 1958 — Jean Rouch, Costa do Marfim/França (76′)

Dois jovens nigerianos deixam a ruralidade das suas terras natais para procurar trabalho na Costa do Marfim, ainda sob domínio francês. Os jovens deambulam pela cidade de Treichville e o bairro popular Abidjan, inábeis nos modos de vida moderna que se rege pelos primados do liberalismo económico, Nesta etnoficção ou docuficção etnográfica, Jean Rouch aplica os princípios do que denominou “antropologia partilhada”, incentivando os envolvidos a autorrepresentarem-se. Admiradores do cinema de massas e do boxe, autonomeiam-se com nomes fictícios, forjando, assim, uma identidade ideal, recorrendo aos filmes estadunidenses, e suas referências, que povoam o imaginário coletivo. Assim, o protagonista adopta o nome do actor estadunidense Edward G. Robinson para construir a narrativa do seu quotidiano que conta em voz-off, à medida que visualiza as imagens filmadas por Jean Rouch, mesclando realidade e ficção.

Les Maîtres fous, 1955 — Jean Rouch, Nigéria/França (29′)

A curta-metragem Les Maîtres fous (1955), do mesmo realizador, mostra-nos os rituais praticados no Gana pelos Haouka, um grupo de imigrantes originários da Nigéria. Durante as cerimónias, realizadas anualmente, incorporam e mimetizam as figuras do poder colonial, em estado de transe, como que possuídos por demónios antigos. Entre coreografias e expurgações, o trauma colonial é desvelado, pondo a nu a violência arqui-secular cravada nos corpos e nas mentes.

Lucky Star — Cineclube de Braga
Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
R. de São Paulo 1, 4700-042 Braga

Bilhetes:

Público em geral: €3
Sócios do Cineclube: Entrada livre
Estudantes e utilizadores da BLCS: €1

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