Oran

Margot Wallard

21 set – 26 out 2024
Galeria do Paço

  • Exposições
  • Fim-de-semana Inaugural
  • Legados do Colonialismo
  • Braga

Curadora: Elina Heikka

Oran

“Para nós, a Argélia era o pano de fundo das nossas muitas reuniões familiares. A minha avó, um verdadeiro pilar da família, falava diariamente da Argélia. Era obcecada por esse país, ao qual nunca tinha regressado. A Argélia nunca deixou de assombrar a sua vida em França. Embora detestasse a política, não havia amargura nas suas palavras, mas sim uma grande melancolia e amor pelo país.”

A neta de “pieds-noirs” explora os arquivos da família após a morte de uma das avós e parte, pela primeira vez em 2018, no encalço das pegadas da sua família, para uma cidade que só conhece através das histórias da avó. (Pied-noir, “pé negro”, era como se chamava uma pessoa de origem europeia que vivia na Argélia durante o domínio francês e que regressava à Europa após a independência da Argélia).

“Depressa me deixei levar pela cidade e pelas suas gentes. Comecei a frequentar um dos únicos cafés da cidade onde se misturam raparigas e rapazes. Fiz amigos lá. Youcef, Réda, Nora, Issam, Mouaadh, que mudaram o rumo do meu projeto e a minha abordagem em relação à cidade. Passei do hotel, para o aluguer de um apartamento em conjunto com alguns desses amigos.

Atualmente, toda a minha atenção está centrada em Oran. Quando lá estou, tudo gira em torno das outras pessoas, do momento presente e do que as pessoas estão a passar. As minhas conversas centram-se essencialmente na vida quotidiana dos jovens e nos seus problemas. A minha relação com esta cidade é ambígua: forte devido às memórias familiares, fraca porque essas mesmas memórias pertencem a um passado que não me diz diretamente respeito e do qual os argelinos se querem livrar, por já não corresponder à sua realidade.

A minha abordagem pessoal e individual choca com esta realidade e mostra-me também a fragilidade e a impossibilidade de escrever uma história partilhada, mas não desisto de a contar. As interações fascinam-me. É simultaneamente uma tentativa de reconstruir uma história pessoal e familiar, e a história de dois países e dois povos, muitas vezes transformada, truncada ou fantasiada, mas sempre destinada a ser partilhada, questionada e reapropriada pelo espetador e por mim.”

Galeria do Paço – UMinho
Reitoria, Largo do Paço, 4704-553 Braga

Horário:

Terça-feira – sábado
10:00–12:30/14:00–18:30

Domingo e segunda-feira
Encerrado