Uma carta de casa
Elisa Mariotti
21 set – 26 out 2024
Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
- Exposições Coletivas
- Fim-de-semana Inaugural
- Emergentes 2023
- Braga
Esta obra faz parte de uma exposição colectiva Não Estar Nem Aí com curadoria de Vítor Nieves.
Uma carta de casa
Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas de 2021 das Nações Unidas, “o consumo de drogas matou quase meio milhão de pessoas em 2019. Em 2020, cerca de 275 milhões de pessoas usaram drogas, um aumento de 22% desde 2010.” Os efeitos devastadores do consumo de drogas não foram estancados desde o século passado até hoje.
As comunidades terapêuticas representam uma resposta à toxicodependência, visando a reintegração na sociedade através da mudança para uma vida livre de drogas. No total, foram identificadas cerca de 2500 comunidades terapêuticas na Europa em 2011, das quais 708 estavam em Itália.
“A Letter From Home” é um projeto sobre a reabilitação, o desenvolvimento educativo e pessoal de um grupo de residentes de San Patrignano, uma comunidade italiana de recuperação de toxicodependentes de longo prazo, considerada uma das maiores do mundo, tendo acolhido mais de 26000 pessoas e convertido 4000 anos de prisão em programas de reabilitação desde 1978.
Ao entrar na comunidade, cada indivíduo é atribuído a um dos setores de trabalho, onde, durante pelo menos um ano, um residente sénior serve como guia na compreensão dos mecanismos da adição e na tentativa de os desmantelar. Cada progresso do recém-chegado é também um impulso para a autoestima do mentor.
As rotinas diárias são rigorosas e determinadas por atividades obrigatórias, assim como por atividades selecionadas, como estudos e desporto. Nunca sozinhos, a solidão exige estabilidade. Nenhuma distração é permitida. Durante o primeiro ano, as cartas representam o único contacto com o mundo exterior. Muitas vezes, há relações humanas a reconstruir, ou, pelo menos, a entender.
Partilhar emoções, espaços, trabalho e atividades recreativas com indivíduos do mesmo setor é a chave. A cada momento, os residentes enfrentam os seus próprios limites, medos e fragilidades. É uma luta dura, profunda e sem fim.
A conclusão do programa de três anos não é garantida. Os residentes vivem este tempo com a sua própria intensidade e sensibilidade. As crises internas, por vezes, materializam-se na rejeição das dinâmicas da comunidade.
Nas histórias dos indivíduos que completam o programa, há sempre uma consciência, uma aceitação das próprias vulnerabilidades e das dos outros, uma vontade de partilhar, um olhar claro.
Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
R. de São Paulo 1, 4700-042 Braga
Horário:
Segunda-feira – sexta-feira
09:30–19:30
Sábado
09:30–12:30/14:00–18:00
Domingo
Encerrado
